A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou a favor da continuidade da ação penal contra o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), acusado dos crimes de injúria e coação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A manifestação foi encaminhada em 8 de setembro ao ministro Nunes Marques, relator do processo no Supremo, pelo qual deverá, agora, ser analisada.
Segundo a PGR, o pedido de desculpas formalizado pelo parlamentar afastaria apenas a acusação de difamação, mantendo-se as demais. Otoni de Paula é réu no STF desde 2023, com base em declarações proferidas em 2020, quando era vice-líder do governo Bolsonaro.
Na época, em transmissões ao vivo na internet, o deputado dirigiu insultos ao ministro Alexandre de Moraes, referindo-se a ele com expressões como “mil vezes canalha”, “cabeça de ovo”, “lixo” e “esgoto do STF”. Também fez insinuações sobre supostos vínculos do magistrado com organizações criminosas.
Em junho de 2023, Otoni publicou um vídeo pedindo desculpas, no qual reconheceu o uso de “palavras inapropriadas” e afirmou desejar “apagar aquele episódio”.
Em julho do mesmo ano, o jornal O Globo divulgou uma carta manuscrita do parlamentar endereçada a Moraes. No texto, Otoni atribuiu suas declarações a um “destempero” motivado por uma decisão judicial que afetou sua honra, alegando ter sido “vencido pela emoção” no contexto de “ataques às instituições”.
Acusação de traição
Além do risco de condenação, Otoni de Paula também passou a ser alvo de críticas envolvendo traição política. Elas têm origem na sua aparente mudança de posicionamento em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Otoni, que foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara em 2020, tornou-se posteriormente um crítico aberto do então presidente.
O ponto central das acusações ocorreu a partir de 2021, quando o deputado passou a votar consistentemente contra projetos de interesse do governo e a fazer declarações públicas críticas à gestão Bolsonaro. Aliados do ex-presidente e bolsonaristas nas redes sociais classificaram essa mudança como uma “traição” à base de apoio que o elegeu.
Em 2022, durante as eleições, Otoni aprofundou as críticas, chegando a declarar que Bolsonaro “estimulava a violência política” e que seu governo havia sido “desastroso”. Essas declarações foram interpretadas por bolsonaristas como uma quebra de lealdade política, especialmente considerando que o deputado havia integrado a base governista.
A situação se agravou quando Otoni passou a apoiar investigações contra bolsonaristas e a votar favoravelmente a requerimentos de oposição no Congresso. Críticos argumentam que ele se elegeu com votos da base bolsonarista para depois se distanciar do grupo que o apoiou. Com informações: Oeste.
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