O pastor e escritor John Piper fez um alerta a cristãos sobre os perigos do misticismo, advertindo que não se deve buscar experiências extracorpóreas ou sobrenaturais como forma de aproximação de Deus. A declaração foi dada em um episódio recente de seu podcast, em resposta a uma pergunta enviada por uma ouvinte identificada como Dianne. Ela quis saber a opinião de Piper sobre o misticismo cristão e se essa prática seria um caminho válido para uma vida mais próxima de Deus.
Segundo Piper, o misticismo pode ser definido como “um tipo de conexão extática ou extracorpórea com poderes sobrenaturais na esperança de obter algum conhecimento oculto ou experiência da realidade suprema que daria poder para uma mudança de vida bem-sucedida”. Ele afirmou de forma categórica: “Não, não devemos perseguir isso. Não busque transformação ou poder por meio de conexões extáticas ou extracorpóreas com poderes sobrenaturais. Não siga esse caminho”.
O pastor fundamentou seu argumento na passagem de 2 Coríntios 12, em que o apóstolo Paulo menciona conhecer alguém que foi arrebatado ao paraíso, mas destaca que não se gloriaria de si mesmo, exceto em suas fraquezas. Piper explicou que Paulo via como tolice se vangloriar de experiências místicas, entendendo que o verdadeiro poder da vida cristã não está nelas, mas em confiar em Cristo para que o Seu poder se manifeste através das nossas fraquezas.
Piper acrescentou que, embora experiências extraordinárias não devam ser rejeitadas caso aconteçam, o cristão não deve buscá-las como prática comum. “Não devemos buscá-los como uma forma comum de experimentar o poder de Cristo. Ao contrário, devemos buscar conhecer Cristo tão profundamente que Ele próprio se torne a satisfação de nossas almas, a alegria de nossos corações e o contentamento de nossas mentes enquanto trilhamos o caminho cristão do amor sacrificial”, declarou, de acordo com o The Christian Post.
O tema do misticismo cristão divide opiniões no meio evangélico. Algumas denominações veem a prática como perigosa, enquanto outras a incentivam como parte da vida espiritual. O professor Jared C. Wilson, do Seminário do Centro-Oeste, escreveu em 2018, em artigo publicado na Coalizão pelo Evangelho, que “existe um tipo bom de misticismo e um tipo ruim de misticismo”. Segundo ele, a verdadeira vida cristã pode ser entendida como uma experiência mística, desde que ordenada pelo evangelho bíblico.
Já o site de apologética Got Questions destacou que “é vital lembrar que tudo o que um cristão vivencia deve estar alinhado com a verdade da Bíblia”. O portal acrescentou que, embora haja mistério em relação a Deus, Ele se revelou claramente por meio de Sua Palavra. “Em vez de buscar experiências místicas, devemos nos envolver nas coisas que Deus nos revelou”, afirmou.
A discussão reflete uma preocupação recorrente na história da igreja: a de equilibrar a experiência espiritual com o fundamento bíblico. Como ensina Romanos 10:17, “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo”. Nesse sentido, líderes como Piper têm reiterado que a prioridade do cristão deve ser conhecer a Cristo por meio da Escritura e confiar na ação do Espírito Santo no processo de santificação.
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