O ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto (PL), é investigado pela Polícia Federal (PF) por tentar captar militares das Forças Especiais do Exército, os chamados Kids Pretos, para um possível golpe de Estado a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a PF, a organização criminosa que arquitetou o golpe de Estado era composta por seis núcleos. Desses, Braga Netto estava em duas frentes, responsáveis por incitar e influenciar militares a aderirem ao plano. A informação foi divulgada pela Reuters e confirmada pelo Estadão.
Ensaio do golpe
Uma reunião no apartamento do então ministro da Casa Civil, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, é considerada peça-chave no inquérito pelos investigadores. Os participantes teriam discutido os valores para financiar hotel, alimentação e material de manifestantes bolsonaristas, incluindo militares.
A Polícia Federal investiga quem participou do encontro, presencialmente e por videoconferência. Maria Aparecida Villas Bôas, esposa do ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, teria participado on-line.
Mensagens obtidas pela PF durante a investigação mostram que o tenente-coronel Mauro Cid, à época ajudante de ordens de Bolsonaro, ajudou a organizar protestos no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 15 de novembro de 2022, data da Proclamação da República, e prometeu suporte das Forças Armadas para garantir a segurança dos manifestantes.
O tenente-coronel ofereceu R$ 100 mil para cobrir gastos com hospedagem e alimentação de manifestantes, além de materiais, e orientou que pessoas fossem trazidas do Rio.
Suporte
A PF identificou ainda um segundo encontro, também em Brasília, que teria sido marcado com o objetivo específico de arregimentar militares simpáticos ao plano golpista. Naquele momento, os aliados do ex-presidente estariam em busca de suporte para impedir a posse de Lula e para restringir uma reação do Poder Judiciário, conforme os relatórios do inquérito.
A reunião aconteceu no dia 28 de novembro de 2022, em um salão de festas na Asa Norte, e teria sido articulada por Mauro Cid e o coronel Bernardo Romão Correa Neto. “Só chamamos os FE (Forças Especiais)”, confidenciou o coronel ao assessor de Bolsonaro em mensagem no WhatsApp.
A PF suspeita ainda que a reunião serviu para o grupo redigir uma carta para pressionar o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, a aderir ao golpe de Estado após a vitória de Lula na eleição.
O ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), general Estevam Theóphilo, e seu assistente, o coronel Cleverson Ney Magalhães, foram questionados pela PF sobre a reunião, durante os depoimentos prestados no mês passado. O general negou ter participado do encontro. Já o assistente declarou que a reunião não passou de uma “confraternização informal”.
Theóphilo foi apontado pela Polícia Federal como o “responsável operacional” por convocar as Forças Especiais do Exército para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento, disse que não sabia do plano.
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