Lidar com a culpa de um aborto é uma das consequências mais omitidas por quem decide interromper uma gravidez. Essa angústia foi externada por uma mãe em uma pergunta enviada ao pastor John Piper: “Deus quer me perdoar por isso?”.
Piper foi questionado por uma ouvinte de seu podcast que externou bastante culpa e angústia por ter cometido um aborto, mesmo já sendo cristã e sabendo que sua decisão foi pecaminosa. Dizendo-se “enojada” consigo mesma, ela afirmou que não se sente à vontade de voltar à igreja.
O pastor afirmou que quando lida comum caso assim, apresenta à pessoa o conceito de “culpa corajosa”, um termo que ele usa para descrever uma maneira de lidar com o pecado que combina o reconhecimento do erro com uma esperança persistente no perdão de Deus.
Com base no profeta Miquéias do Antigo Testamento, Piper destacou uma passagem que ressalta a possibilidade de redenção mesmo diante do julgamento divino: “Não se alegre sobre mim, ó meu inimigo; quando eu cair, eu me levantarei; quando eu estiver sentado na escuridão, o Senhor será uma luz para mim. Eu suportarei a indignação do Senhor porque pequei contra Ele, até que Ele pleiteie minha causa e execute o julgamento por mim”, disse o pastor, recitando Miquéias 7:8–9.
Arrependimento e perdão
Embora a ouvinte deva reconhecer a gravidade de seu pecado, ela também deve aceitar a promessa de perdão do Evangelho, ponderou: “O aborto — e todos os outros pecados — é algo pelo qual sempre deveríamos ser punidos. E há um universo de diferença entre ‘deveria ser punido por’ e ‘será punido por’”.
“A culpa corajosa do Evangelho diz: ‘Eu sou culpado. Eu deveria ser punido agora e para sempre’. Esse é o próprio significado do pecado e da justiça. E a culpa corajosa do evangelho diz: ‘Mas eu não serei punido. Eu não serei punido porque Jesus suportou minha punição por mim, e eu abandonei toda a minha autoconfiança, e me jogo totalmente em sua misericórdia’”.
A mulher também tocou em seu sentimento de não pertencer à igreja devido às suas ações. Em resposta, Piper enfatizou que a Igreja é para pessoas que reconhecem sua necessidade de graça: “Se as únicas pessoas que pertencem à igreja são aquelas que merecem estar com o povo de Deus em Sua presença, adorando e crescendo n’Ele, ninguém pertenceria à igreja. Ninguém iria à igreja”.
Piper também citou 1 Coríntios 6:9-11, lembrando aos ouvintes que a igreja é composta de pessoas que foram transformadas pela graça de Deus.
Em relação aos seus sentimentos de desgosto consigo mesma, o pastor reconheceu que tal resposta ao aborto é compreensível e até saudável, mas a encorajou a superar seu desgosto consigo mesma e chegar a um lugar de esperança e confiança na graça de Deus:
“Olhar para trás, para o aborto, e não ficar enojado seria um sinal de doença. Vê-lo com enojo é um sinal de saúde. A menos que haja um enojo corajoso, você entrará em colapso. O enojo corajoso do Evangelho não é paralisado. Ele desiste de si mesmo e caminha para o poder da graça. Todos nós somos nojentos — e não devemos fugir disso, mas através disso, para a graça de Deus”, disse ele.
Piper enfatizou que buscar perdão por causa de um desejo por Deus não é egoísmo, mas sim o que os crentes são chamados a fazerem: “Se você quer perdão porque quer Deus, isso não é egoísmo. É para isso que você foi feito. E isso honra a Deus, não você. Isso honra a Deus. Deus é glorificado quando você quer ser satisfeito em Deus”.
Piper concluiu afirmando que o convite de Deus para o perdão e uma nova vida está aberto a todos, referindo-se a Apocalipse 22:17. “Se você tem sede de Deus, Ele o convida. Ele quer você. E quando você vem a Ele, Ele tem planos para você”.
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